segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Outrora...

OUTRORA havia a esperança, o luxo e a paixão
de correr o olhar ao longe
e ver tua cabeleira e nossa bandeira ao vento!

OUTRORA a volúpia era
exatamente como o golpe de um machado sobre o tronco:
presente... certeira e certa!

OUTRORA todos os teatros tremiam e incendiavam-se
sob o arremesso das palmas e do gozo anárquico
que sobre ti pendiam!

OUTRORA os musgos e as tarântulas
abriam espaço para tuas delicadas pisadas
e o outono tremulava a superfície do lago
e vertia Wodka para teu deleite!

OUTRORA eu corria meu olhar ao longe
e te via chegando...
elegante como um astro
pecadora como Messalina
triste como uma antiguidade
e revolucionária como uma tempestade!

Ah, agora tudo se resume numa sombra
numa vaga memória de tuas linhas
e no Caos sem remédio de nossa causa!

Levante esse olhar
para que o Arco-Iris da manhã te veja
e não fujas pelas brechas infames do "poder"...
pois a vida é breve, um sopro no tempo
e nossa paixão vai além, muito além
de todos os "porta-vozes" do mundo!
(Depois disso voltarás a me amar, não é verdade?)

* Poema atribuido a autoria de Mikhail Bakunin, escrito a uma de suas amantes.
Extraído da destemida (porém extinta) Revista Víbora, criada nos anos 80 em Brasília por Ézio Flavio Bazzo e provocadores afins.

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